segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

VALE A PENA INSTALAR O WINDOWNS 10?


A Microsoft apresentou esta semana o Windows 10, substituto do Windows 8 que chega ano que vem e já está disponível em versão de testes. Eles pularam o “9” porque a mudança é tão radical, segundo a empresa, que não faria sentido seguir a sequência. Mas isso não quer dizer que o novo sistema seja uma grande evolução, necessariamente. O próximo Windows será um dos poucos casos na indústria de tecnologia em que as principais vantagens são retrocessos. E eles são, de certa forma, bem-vindos.
Chega a ser levemente constrangedor ver este vídeo introdutório de Joe Belfiore, vice-presidente de Windows, da Microsoft:
Ele diz: “A primeira coisa que você irá perceber é que o menu iniciar está de volta”. O segundo destaque? Os novos aplicativos, que antes só rodavam em tela cheia (como em um tablet), agora podem ter as suas janelas maximizadas ou com seu tamanho ajustado. Duas coisas que estou acostumado desde 1992, no Windows 3.1. Mas ele apresenta isso com um certo entusiasmo. No finzinho do vídeo, Belfiore ainda mostra que o prompt do DOS, uma relíquia dos anos 80, ganhou agora a função de copiar e colar. As duas outras novidades, efetivamente novas funções apresentadas no vídeo, já estão presentes no Linux e no Mac OS (nativamente ou por apps) há bastante tempo.
O problema da Microsoft agora não é necessariamente a falta de novidades – daqui para o lançamento muita coisa diferente pode aparecer –, mas justamente quais coisas a empresa decidiu reforçar na apresentação. Elas mostram que tudo que era efetivamente novo no Windows 8 está sendo abandonado, ou deixado em segundo plano. “Nós tivemos algumas experiências que não foram muito bem, então estamos tentando aprender com isso para fazer tudo ficar melhor”, admitiu Belfiore.
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A verdade é que tanto o visual quanto as funcionalidades do Windows 8 partiram de duas premissas que parecem equivocadas, em retrospectiva: que as pessoas estariam, em 2014, usando primordialmente notebooks com tela touch ou tablets para trabalhar e que preferimos ver informações selecionadas em quadradinhos do que entrar nos aplicativos e fazermos o que quisermos. Os chamados “live tiles”, que ficam se atualizando mostrando uma nova foto de amigo na rede social ou o seu próximo compromisso da agenda, ocupam espaço demais e trazem informação de menos – como os “carrosséis de notícias” dos portais. Há formas melhores de apresentar a informação.
Apesar do esforço no campo de tablets e smartphones, o Windows ainda é um sistema para computadores primordialmente, e à medida que as pessoas usam iPads ou Androids para coisas mais pessoais, de fato (chat com amigos, redes sociais, vídeos, compras, etc), a máquina com Windows vira a estação para trabalho, em casa ou na empresa. E para quem está trabalhando mesmo, a combinação tela maior + teclado + mouse ainda é a coisa mais prática e rápida que existe para fazer coisas rápido.
Com os aplicativos “modernos” maximizados por definição, sem a opção de olhar para duas janelas ao mesmo tempo, com a tela inicial mostrando os quadradinhos coloridos por padrão, o Windows efetivamente virou algo menos voltado à produtividade, seu grande forte. Também é verdade que bastava ir para o desktop “clássico” que quase tudo estava lá, e muitas das reclamações foram exageradas. Mas isso não esconde o fato que todas as ideias principais, apresentadas como novidade no Windows 8 não fizeram o Windows evoluir como ferramenta para fazer coisas.
Em termos de performance o Windows 8 foi um belo ganho. Nunca o Windows travou tão pouco e foi tão rápido. Ele parece ser mais leve que outros sistemas. Mas isso é o mínimo que se espera de um sistema novo. Agora, o Windows 10 está sendo vendido com foco em empresas, que obviamente não viram muitos motivos para migrar para o Windows 8. O Windows 10 será “o mais gerenciável”, disse Belfiore. Será suficiente?

O Windows 7 já funciona muito bem para a maioria das pessoas. Isso deveria ser comemorado, de certa forma, pela Microsoft. Ela criou um negócio bom e duradouro há 5 anos, uma eternidade no mundo de TI. E o Windows 10 é um pedido de desculpas pelo Windows 8. Algo como “nós estávamos no caminho certo, foi mal tentar algo bizarro. Vamos voltar ao conhecido e melhorá-lo”. Mas se ela quiser que as pessoas abram a carteira para adotar um novo sistema, com novas ideias, será preciso apresentar mais e melhores motivos.

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